Em dia final para se defender de denúncia, Bolsonaro posta fala de Cid
Na gravação divulgada originalmente em março de 2024, Cid disse que investigadores o teriam pressionado a alinhar respostas a uma narrativa
atualizado
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O ex-presidente da República Jair Bolsonaro publicou, nesta quinta-feira (6/3), no perfil pessoal dele no Instagram, um áudio de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, no qual o militar afirma que teria sido pressionado em delação premiada a alinhar as respostas dele a uma suposta narrativa elaborada pelos interrogadores.
Cid delatou Bolsonaro, e suas revelações baseiam a denúncia contra o ex-presidente e outras 33 pessoas por suposta trama golpista após a vitória de Lula nas eleições de 2022. Esta quinta-feira é o prazo final para a defesa de Bolsonaro contestar a denúncia da PGR.
Juntamente com o áudio, Bolsonaro apontou na legenda que Mauro Cid teria sido pressionado a fazer com que o depoimento dele compusesse com a linha investigativa da Polícia Federal (PF).
“Mauro Cid declara em áudio que foi pressionado a concordar com a narrativa da PF ou perderia o acordo como delator”, diz a legenda da postagem.
O trecho do áudio reproduzido por Bolsonaro nesta quinta veio a público em março de 2024. Na gravação, Cid afirma, não se sabe para quem, que era pressionado a aceitar orientações sobre o depoimento.
“Eles já estão com a narrativa pronta deles. É só fechar, e eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem. Eles são a lei agora”, diz trecho da gravação de Mauro Cid que foi vazada.
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As declarações de Cid sobre os crimes supostamente cometidos por Bolsonaro foram feitas após ele acordo de colaboração premiada. A negociação era para que o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro contribuísse com informações novas nas investigações e, em troca, haveria atenuação na pena futuramente atribuída a ele por ter colaborado com práticas delituosas pelas quais viesse a ser condenado.
Consequências
Após o vazamento do áudio no qual Cid colocava em xeque a lisura do processo de colaboração premiada, ele foi chamado a prestar esclarecimentos no dia seguinte (22/3/24). O ex-ajudante de Bolsonaro acabou preso no interrogatório. Posteriormente, ele voltou a deixar a cadeia.
A defesa de Cid divulgou nota na qual negou a tentativa de Cid de descredibilizar a colaboração premiada. “Seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, alegaram os advogados.