Falsos agenciadores: presas, atrizes eram obrigadas a fazer fotos nuas
Elas eram mantidas em cárcere privado; acusado dizia que era da PF, exibia arma de brinquedo e alegava ser filho de general do Exército
atualizado
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Rio de Janeiro – Há 13 anos trabalhando como atriz, uma mulher de 37 anos denunciou dois falsos agentes de artistas, presos por policiais da 35ª DP (Campo Grande), em Icaraí, Niterói, região metropolitana, nesta quarta-feira (23/3). Ela conseguiu escapar de um cativeiro ao encontrar outras duas atrizes presas e obrigadas a tirar fotos nuas.
Na delegacia, ela contou que foi atraída no Instagram por um anúncio para fazer um filme chamado “Casos Inesperados”. O longa-metragem seria da produtora Matte Filmes, de Everton Lamartine Matte.
Na primeira participação em uma gravação em um restaurante na Barra da Tijuca, zona oeste, em 8 de fevereiro, recebeu R$ 250 de cachê.
No dia 21 de fevereiro e também em 21 de março, participou de outras tomadas no apartamento de Everton. Na ocasião mais recente, quando estava tomando banho para sair do endereço, foi abordada no banheiro por duas outras atrizes chorando.
“Ambas estavam sendo obrigadas a fazer fotografias sem roupas”, contou em depoimento prestado na delegacia na madrugada desta terça.
Para intimidar as mulheres, Everton exibia armas de brinquedo e ainda distintivo e placa com seu nome e cargo, como se fosse agente de Polícia Federal. Ele dizia que era filho de general do Exército para intimidar as vítimas. Ele e Marco Antonio Esch Gomes foram presos.
“Everton Lamartine as obrigou a contrato de exclusividade de agenciamento em que as força a fazer várias coisas”, revelou uma das vítima em outro trecho do depoimento, no qual declarou ainda que, em caso de descumprimento das ordens, haveria cobrança no valor de R$ 30 mil.
As imagens nuas das vítimas teriam sido publicadas em uma revista. Segundo uma das vítimas, Everton estaria ainda captando por meio da Lei Rouanet mais de R$ 2 milhões para investir em um filme. A captação dos recursos será investigada pela polícia.
Set de filmagem
Everton usava o endereço de sua casa como set de filmagens e sede da produtora cinematográfica. Segundo a vítima, havia dois apartamentos como locação e residência.
“Além de controlar todos os horários e até mesmo a alimentação delas, também as intimidava constantemente dizendo ser filho de um general do Exército Brasileiro e que possui fortes contatos e ligações com policiais daquela região, se dizendo ainda muito influente socialmente”, alegou uma das vítimas.
Eles vão responder por cárcere privado, trabalho escravo, estupro de vulnerável e estelionato. Livre do cativeiro, no reencontro, ao serem auxiliadas por policiais, as três atrizes choraram. Everton já foi absolvido na Justiça por venda de fotos pornográficas.