Bolsonaro é o candidato que mais se reuniu com empresários na campanha
Presidente quer recuperar imagem da agenda econômica liberal com a qual se elegeu em 2018
atualizado
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Ao longo do primeiro mês da campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o candidato que mais se encontrou com empresários em relação aos demais adversários que disputam a Presidência da República.
O levantamento do Metrópoles considerou a data de início de campanha, em 16 de agosto, até o dia 16 de setembro, quando esta reportagem foi finalizada. Foram consideradas apenas as quatro campanhas com maior número de intenção de voto na corrida presidencial.
Segundo a pesquisa, que teve como base as agendas divulgadas pelas assessorias de campanha dos presidenciáveis, Bolsonaro teve três compromissos com o segmento empresarial nos últimos 30 dias. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT) tiveram duas agendas com empresários no mesmo período cada um. Já Simone Tebet (MDB), teve um compromisso com o segmento.
Veja a relação completa abaixo:
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Há um consenso entre todas as campanhas de candidatos que vão disputar o Planalto que, se a corrupção foi o tema principal das últimas eleições gerais, o foco deste ano é a recuperação da economia.
De olho nesse cenário, o presidente Jair Bolsonaro aumentou as agendas com o empresariado em 80% de janeiro a agosto deste ano, como mostrou o Metrópoles recentemente.
O cientista político André César avalia que as procuras de Bolsonaro pelo empresariado refletem uma tentativa de reviver a agenda econômica liberal que o ajudou a se eleger, em 2018. “Se você olhar os quase quatro anos de istração, podemos considerar que essas promessas de campanha dele e do Paulo Guedes não se materializaram. Em especial durante a pandemia, o presidente foi perdendo apoio do empresariado”, explica.
“Nessas agendas, Bolsonaro tenta se mostrar um candidato preocupado com as grandes questões da economia, que é o grande tema e a grande preocupação do eleitor na hora de definir seu voto. A estratégia dele, portanto, será recuperar o terreno perdido nos últimos tempos pelos deslizes do próprio governo”, prossegue.
Demais segmentos
Para o levantamento, o Metrópoles distribuiu as agendas dos candidatos em cinco segmentos:
- político – para agendas gerais, como motociata, caminhadas e lançamentos de campanha de aliados, entre outros;
- imprensa – para entrevistas a veículos de imprensa e participações em debates, sabatinas e podcasts;
- empresariado – encontros com executivos dos mais variados setores;
- religioso – agendas com líderes evangélicos e participações em cultos, por exemplo; e
- feminino – para compromissos voltados ao eleitorado.
Apesar de ter mais agendas com empresários, Bolsonaro é o presidenciável que menos usa os meios de comunicação em favor próprio. Desde o início da campanha, o candidato teve sete compromissos com a imprensa, sendo a maior parte deles a participação em sabatinas e debates presidenciais.
Por outro lado, Ciro Gomes é o candidato que mais explora o segmento, com 14 agendas com a imprensa. Na sequência aparecem Tebet e Lula, com nove e sete compromissos voltados aos meios de comunicação, respectivamente.
Evangélicos e mulheres
Entre os religiosos, a candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, foi quem mais teve agendas com o grupo nos primeiros 30 dias de campanha – foram três ao todo. Bolsonaro teve dois compromissos com o segmento no mesmo período, enquanto Lula teve apenas um. Ciro Gomes não registrou agendas com religiosos desde o início da campanha.
Levando em conta apenas as agendas voltadas ao eleitorado feminino, Bolsonaro e Tebet empatam no número de compromissos com o público. No último mês, os dois tiveram três agendas cada um com mulheres.
Os dados evidenciam a estratégia da campanha do atual titular do Palácio do Planalto para reverter a rejeição entre o eleitorado. Segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, Bolsonaro é reprovado por 47% das mulheres do país.
No primeiro mês de campanha, Lula teve apenas um compromisso de campanha com as mulheres. Já Ciro não registrou agendas com o público.
Para Arthur Fisch, pesquisador do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV, a rejeição do eleitorado feminino a Bolsonaro dá margem para outros candidatos buscarem crescimento. “Essa rejeição é muito marcante e dá espaço para que outros candidatos alavanquem suas candidaturas. O voto feminino é central, é a maior parte do eleitorado, e a questão é: quem vai conseguir mobilizar mais esse eleitorado e como”, explica.
Ciro e Tebet tem mais agendas
Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) aparecem em terceiro e quarto lugar, respectivamente, nas mais recentes pesquisas eleitorais de intenção de voto. No esforço para reduzir a polarização – hoje centralizada em Lula e Bolsonaro – Ciro e Tebet têm feito mais agendas pelo país para tentar conquistar o eleitorado do petista e do atual presidente.
Segundo o levantamento do Metrópoles, o candidato do PDT ao Planalto foi quem mais teve compromissos no primeiro mês de campanha – 79 no total. No mesmo período, a emedebista teve 71 agendas. Bolsonaro e Lula tiveram 43 e 33 compromissos de campanha, respectivamente.