“Alfabetização no Brasil é um desastre”, avalia Weintraub
Ministro da Educação participou da abertura de uma conferência que vai discutir parâmetros para a Política Nacional de Alfabetização
atualizado
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O Ministério da Educação (MEC) abriu nesta terça-feira (22/10/2019) a Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe), com discurso inicial prometendo educação com “bases científicas”. Durante toda a semana, o evento reúne discussões acerca de experiências internacionais e pesquisas que possam servir de parâmetro para a Política Nacional de Alfabetização (PNA).
Em discurso, o titular da pasta, Abraham Weintraub, disse que a PNA, instituída pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), representa a “coragem de confrontar falsos experts”. “Se os governos anteriores se preocuem menos em doutrinar e se preocuem mais em ensinar, ler e escrever e fazer conta, talvez o Brasil não estivesse em último lugar na América do Sul”, declarou o ministro, em referência aos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa).
“O ensino, a alfabetização do Brasil é um desastre. Os ‘arautos’ que se julgam supremos são charlatões, porque se eles são responsáveis por esse resultado. Metade das nossas crianças no terceiro ano são analfabetas. A técnica usada no Brasil para alfabetizar no Brasil é errada, porque das variáveis disponíveis, ou o brasileiro é inferior a um americano, a um europeu, a um asiático, ou o que nós fazemos com essa criança brasileira é errado. E eu me recuso a acreditar que o brasileiro seja inferior”, declarou Weintraub.
“A PNA se diferencia de outras formas de encarar a alfabetização porque se apoia em evidências científicas”, complementou o secretário de alfabetização do MEC, Carlos Nadalim. Durante a semana, 12 especialistas — que, segundo o secretário, terão “autonomia” — devem coletar orientações curriculares, dados científicos, práticas e materiais pedagógicos para produzir recomendações que serão reunidas, futuramente, no Relatório Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Renabe).
Nesse sentido, segundo o presidente científico da Conabe, Renan Sargiani, o intuito é fazer uma revisão da política de alfabetização que “levará em conta critérios metodológicos claros e íveis de replicação” e que “desqualifique crenças em favor de fatos científicos”. “Queremos apresentar um documento evidenciado em ciência e não em ideologias”, sustentou.
A conferência
A programação do evento segue até a próxima sexta-feira (25/10/2019), com palestras, simpósios e mesas sobre temas como ciências cognitivas, bases neurobiológicas da aprendizagem da leitura e da escrita e dificuldades e distúrbios da leitura e da escrita. Entre os convidados, há professores dos Estados Unidos, da França, do Chile, da Alemanha e de Portugal, bem como de universidades brasileiras de São Paulo e do Ceará.