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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, até 2030, o Brasil terá a quinta maior população idosa do mundo. E, até 2050, o grupo 60+ chegará a 90 milhões de pessoas. De acordo com o médico Alexandre Kalache, especialista em Gestão Geriátrica e Gerontologia, os consumidores 60+ são exigentes, querem respeito à própria autonomia e demandam uma comunicação não estereotipada. “Eles [os 60+] não querem ser tratados necessariamente de uma forma diferente, mas querem ter a oportunidade de contribuir e serem ouvidos. As empresas que perceberem isso são as que vão vingar e florescer no futuro”, analisa Kalache. Há empreendedores atentos a essa mudança. Eles já acolhem as necessidades dos 60+ com um guarda-chuvas de produtos e serviços. São negócios que cuidam do que parece óbvio, como a saúde, mas também há espaço para iniciativas voltadas ao lazer, ao turismo e ao desenvolvimento pessoal. Uma academia de Goiânia é uma das pioneiras nesse oceano prateado de oportunidades. 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Economia prateada: o mercado que cresce com a idade

Com a virada da pirâmide etária no Brasil, crescem oportunidades de negócios voltadas para o público 60+. Empreendedores relatam experiência

VINÍCIUS SCHMIDT/ARTE METRÓPOLES
Imagem colorida de cliente de academia voltada para o público 60+ - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de cliente de academia voltada para o público 60+ - Metrópoles - Foto: VINÍCIUS SCHMIDT/ARTE METRÓPOLES

atualizado

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Nas calçadas, nos ônibus e nas praças, o Brasil começa a mudar de rosto. A população, que antes era em sua maioria jovem, agora se transforma com o crescimento do grupo 60+. Essa mudança, visível no cotidiano e confirmada por dados oficiais, redesenha não apenas a pirâmide etária, mas também as oportunidades de negócios.

Segundo o Censo Demográfico 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% nos últimos 12 anos, enquanto a população até 14 anos diminuiu. É a chamada virada da pirâmide etária, que abre espaço para o fortalecimento da economia prateada – termo que designa o conjunto de atividades econômicas voltadas a atender às necessidades da população mais velha.

A tendência é que esse movimento demográfico se intensifique. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, até 2030, o Brasil terá a quinta maior população idosa do mundo. E, até 2050, o grupo 60+ chegará a 90 milhões de pessoas.

De acordo com o médico Alexandre Kalache, especialista em Gestão Geriátrica e Gerontologia, os consumidores 60+ são exigentes, querem respeito à própria autonomia e demandam uma comunicação não estereotipada.

“Eles [os 60+] não querem ser tratados necessariamente de uma forma diferente, mas querem ter a oportunidade de contribuir e serem ouvidos. As empresas que perceberem isso são as que vão vingar e florescer no futuro”, analisa Kalache.

Há empreendedores atentos a essa mudança. Eles já acolhem as necessidades dos 60+ com um guarda-chuvas de produtos e serviços. São negócios que cuidam do que parece óbvio, como a saúde, mas também há espaço para iniciativas voltadas ao lazer, ao turismo e ao desenvolvimento pessoal.

Uma academia de Goiânia é uma das pioneiras nesse oceano prateado de oportunidades. Com atendimento personalizado para o público 60+, musculação adaptada, nutrição especializada e fisioterapia integrada, o negócio, hoje com duas unidades, está consolidado. Agora, o proprietário prepara um plano de expansão, com a abertura de 10 novas unidades.

“O público da melhor idade procura um ambiente com menos exposição, menos barulho e mais atenção dos instrutores. Em academias comuns, o som é alto e o atendimento é impessoal. Nós oferecemos exatamente o oposto: acolhimento, segurança e orientação individual”, valoriza o proprietário do estabelecimento Fernando Juliano Veras, fisioterapeuta por formação.

Com o lema “chegar bem vale a pena”, Veras fala com orgulho dos alunos com 80, 85, até 90 anos que experimentam uma vida ativa e independente. “Cerca de 70% dos nossos alunos são muito ativos. Claro que, após os 90, alguns precisam de mais atenção, mas, no geral, o nível de autonomia é impressionante. Muitos estão em condição física melhor do que muita gente mais jovem”, detalha.

Cliente da academia de Veras há mais de duas décadas, Jair Guimarães Lobo, de 79 anos, considera o local mais que um espaço para cuidar da saúde. “Essa academia é para a melhor idade, pessoas de 65, 70 anos. Além de cuidar da saúde, estabeleci excelentes amizades aqui”, conta.

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Alunos 60+ buscam exercícios para manter a autonomia e a disposição
Também querem atenção individualizada
Professores incentivam força, equilíbrio e mobilidade
Janete Bernardes
Fernando Juliano Veras
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Jair Guimarães Lobo considera a academia também como um espaço para fazer amizades

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Também querem atenção individualizada

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Professores incentivam força, equilíbrio e mobilidade

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Também foi mirando a saúde dos 60+ que outro negócio, nascido em Cuiabá, foi desenvolvido. A empreendedora Ivonete Guarino oferece transporte e acompanhamento para consultas médicas ou realização de exames. A experiência pessoal, de cuidar de um familiar com mal de Alzheimer por mais de 10 anos, a fez enxergar a oportunidade.

“Essa dor acabou me fazendo olhar para o mercado e reparei que existiam outras ‘Ivonetes’: pessoas que estavam ali tentando cuidar de seus parentes idosos e tinham de trabalhar ao mesmo tempo”, lembra.

Formalizado em 2020, o negócio de Ivonete se expandiu para a cidade de São Paulo. Os clientes chamam por demanda ou fazem uma dos serviços, o que também pode incluir o transporte para outras atividades, como uma ida ao supermercado. Na capital paulista, são feitos cerca de 140 atendimentos por mês. A equipe é treinada para lidar com situações específicas do público-alvo.

Qual o tamanho do mercado?

Os negócios de Veras e Ivonete estão inseridos em um mercado trilionário. Estima-se que, no Brasil, a economia prateada, considerando a partir do grupo 50+, movimente cerca de R$ 2 trilhões por ano, segundo a consultoria Data8. O montante responde por 23% do consumo de bens e serviços do país.

Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) indicam que pessoas com mais de 65 anos compõem 17% da faixa dos 5% mais ricos do Brasil. Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) identificou ainda que 41% dos idosos gastam mais com produtos de desejo do que com itens de necessidade básica, sendo que 66% consideram que aproveitar a vida é a maior prioridade.

Pessoas nessa faixa etária representam 70% dos clientes de uma empresa que oferta cursos de ginástica para o cérebro. Por meio de jogos de tabuleiro, exercícios de lógica, desafios de memória e práticas de linguagem, os clientes trabalham capacidades cognitivas.

“O público 60+ busca muito mais do que atividades: procura acolhimento, respeito e um ambiente onde possa manter sua autonomia, sentir-se ativo, desafiado e reconhecido. Valorizam experiências que estimulem suas competências cognitivas de forma leve, mas consistente”, frisa a diretora da unidade brasiliense da rede, Sheila Voos.

A médica aposentada Dilma Elias de Carvalho, de 75 anos, muito ativa durante toda a vida, foi forçada a parar de trabalhar por causa da pandemia da Covid-19. Ela confessa que, no início, teve resistência em iniciar o curso de ginástica cerebral, mas hoje classifica como “uma dádiva” os benefícios adquiridos.

“Para a fase de vida que estou, acho que está sendo muito benéfico em todos os sentidos, até mesmo no entrosamento com pessoas. Está sendo muito válido estar aqui”, afirma Dilma.

O desejo de aproveitar a vida, independentemente da idade, impulsiona o turismo especializado. Uma agência que presta serviços para clientes de todo o país organiza viagens personalizadas para o público 60+. A experiência com demandas específicas dessa clientela fez a proprietária desenvolver roteiros que consideram aspectos como mobilidade, segurança e experiências culturais.

Proprietária do negócio, Janete Bernardes conta que começou promovendo eios culturais e atividades artesanais para um grupo de idosos. Com o tempo, a demanda por eios mais distantes aumentou e os serviços ligados ao turismo começaram.

“Fiquei conhecida indo às associações de idosos e aposentados, apresentando meu trabalho. A partir daí, eles próprios começaram a me pedir para organizar viagens”, conta Janete, que viajou para 70 países.

A empresária conta que já atendeu cerca de 250 mil pessoas, sendo que alguns clientes estão com ela há cerca de 30 anos. “Conheço pessoalmente a maioria dos destinos, então monto o roteiro de forma prática e adequada ao público”, acrescenta.

Diversidade deve ser contemplada na hora de empreender

O crescimento da economia prateada é o foco do trabalho da consultora Cléa Klouri. Além de saúde, ela aponta lazer, bem-estar e tecnologia como áreas promissoras para serviços voltados ao público 60+.

“Considero que negócios voltados para turismo, bem-estar, tecnologia e serviços financeiros têm muito potencial para conquistarem essa parcela da população”, destaca.

Sem ignorar as necessidades dos cuidados pessoais e os produtos tradicionais, Klouri afirma existirem oportunidades inovadoras em soluções de moradia, clubes de atividades e redes de apoio emocional. “A solidão é um dos maiores desafios do envelhecimento, e soluções que favoreçam o convívio – especialmente entre gerações – têm potencial de impacto”, afirma a especialista.

Margarete Coelho, diretora do Sebrae, ressalta que o público 60+ não pode ser tratado como um único grupo. “É interessante porque não se trata de um nicho único. Vai da alimentação saudável até o uso da tecnologia, mesmo sendo uma área de maior desafio para eles. É um público muito variado”, diz.

Para Klouri, o mais importante é evitar ideias prontas sobre o envelhecimento. “Não ache que você sabe o que eles querem, não caia em estereótipos. Envelhecer hoje é diverso: há quem esteja começando um novo negócio, quem cuide de pais mais velhos, quem viaje o mundo ou quem esteja lidando com limitações físicas. É um público diverso, ativo e cheio de planos”, enfatiza.

Desigualdade é um desafio a ser enfrentado com políticas públicas

O envelhecimento da população é uma oportunidade para empreendedores, mas os serviços já disponíveis – e os que ainda vão surgir atentos à transformação do perfil demográfico do Brasil – não são íveis para todos. Uma parcela significativa dos idosos não possui renda suficiente para usufruir da economia prateada.

Em 2020, sete entre 10 idosos (69%) no Brasil viviam com renda pessoal de até 2 salários mínimos mensais, segundo o IBGE. O fato de não poder pagar por algo especializado não significa que a necessidade deixa de existir. Segundo o presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Odilon Guedes, é nesse ponto que o Estado precisa se fazer presente e estar preparado para apoiar idosos que não têm condições de pagar por serviços privados.

“São pessoas que precisam ter apoio dos municípios. Você tem que ter frota de peruas, revitalizar praças, disponibilizar cuidadores e professores de educação física”, afirma.

No Brasil, os direitos das pessoas idosas são garantidos pela Constituição e detalhados no Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741/2003), que prevê o à saúde, moradia, ao lazer, transporte, à cultura e previdência. Entre os direitos mais conhecidos, estão a meia-entrada, o atendimento preferencial e a gratuidade em medicamentos. Há também benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), atendimento domiciliar e isenção de IPTU, pouco divulgados, mas importantes para garantir dignidade.

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