Dilma questiona “privilégio absoluto” de negociações em dólar e euro
O discurso de Dilma segue a mesma linha de raciocínio do presidente Lula, que defende a ideia de criar uma moeda única para o Mercosul
atualizado
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A presidente do banco dos Brics, Dilma Roussef, defendeu, nessa quarta-feira (31/5), a promoção do comércio baseado em moedas locais e questionou o “privilégio absoluto” da obrigação a maioria das transações em dólar ou em euro. A declaração ocorreu durante entrevista à TV Chinesa CGTN.
“Não achamos certo o privilégio absoluto de liquidar todas as negociações em dólares ou euros. Precisamos usar nossas próprias moedas para fortalecer a base do comércio e investimento em nossos países”, afirmou Dilma.
O discurso de Dilma segue a mesma linha de raciocínio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, nos últimos meses, defendeu a ideia de criar uma moeda única para o Mercosul. A ex-presidente da República disse que acredita em uma “tendência” de trocas comerciais baseadas em moedas locais.
“A gente não pode continuar negociando em dólar”, afirma Lula
A presidente do banco dos Brics defende o investimento no comércio com moedas locais. Para Dilma, esse processo é “vantajoso” para as economias dos países em desenvolvimento e emergentes. “Muitas pessoas questionam se é uma medida para contrariar outras moedas, mas não é o caso”, disse.
Para comprovar o modelo comercial, ela cita o modelo de mercado na compra e venda de petróleo feita pela Arábia Saudita e China, onde ambos os países realizam transações usando a moedas locais. Além disso, Dilma cita que os países do sul global estão usando “cada vez mais moedas locais para pagamentos comerciais”.
De acordo com Dilma, o Brics — o bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — propõe que “parte do financiamento para os países membros seja liquidado em suas moedas locais”. Para ela, essa processo é “vantajoso” para as economias desses países.
“Este tipo de financiamento também pode ser realizado usando as moedas de outros países em desenvolvimento ou emergentes na cesta de moedas. A liquidação em moeda local pode melhorar o financiamento corporativo. Acredito que isso seja vantajoso”, explicou Dilma.