Seleção da UFF dará pontos extras a professoras com filhos
Mulheres que foram mães há até 2 anos e não conseguirem pontuação máxima terão direito: medida inédita para equilibrar disputa com homens
atualizado
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O edital recém-publicado da Universidade Federal Fluminense (UFF) inclui um mecanismo inédito para equilibrar a concorrência de homens e mulheres na disputa por bolsas de iniciação científica. As professoras que tiveram filhos nos últimos dois anos terão um acréscimo de cinco pontos, caso não atinjam a pontuação máxima, para compensar o tempo de licença maternidade sem produção acadêmica, um dos critérios para escolha dos bolsistas. As informações são do O Globo.
Além das novas mamães, pais que adotam crianças e também casais homoafetivos que tirem licença para cuidar dos filhos poderão ter a pontuação extra. Esta é a primeira vez que esse tipo de compensação é utilizada em um edital no Brasil.
O concurso do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) de 2019 seleciona alunos de graduação para ganhar bolsa. A pontuação é um dos critérios e, quanto maior a produção acadêmica (como artigos publicados, por exemplo), maior será a quantidade de pontos conferidos ao candidato, podendo chegar a 40. É neste item do edital que a nova regra busca reparar a diferença de gênero.
“Quando a mulher tira licença-maternidade, ela deixa de produzir e acaba ficando para trás nos editais. Isso que a UFF fez é muito novo. Há, no país, um movimento nacional neste sentindo e estamos começando a ter agora algumas iniciativas que olham a maternidade”, afirma Márcia Barbosa, professora do Instituto de Física da UFRGS e diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
A inclusão da nova regra foi demandada pelo grupo de Mulheres da Ciência, instituído em agosto de 2018. O coletivo é vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFF. A intenção é incentivar a participação das mulheres nesse campo, em especial nas áreas com sub-representação feminina, como física, matemática e computação. Além disso, o grupo também discute apoio para pesquisadoras que são mães e busca a igualdade de gênero entre os acadêmicos.