CCJ da Câmara adia análise do recurso de Glauber contra cassação
Adiamento se dá por pedido de vista, ou seja, solicitação de mais tempo para análise do recurso. Votação será retomada na terça-feira (29/4)
atualizado
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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara adiou, nesta quinta-feira (24/4), a análise do recurso do deputado Glauber Braga (PSol-RJ) contra a decisão do Conselho de Ética da Casa que cassou seu mandato. O adiamento se dá depois do pedido de vista coletivo dos deputados, ou seja, mais tempo para análise do texto.
O colegiado tem o prazo de cinco dias para analisar o recurso do parlamentar; por isso, a votação será retomada na próxima terça-feira (29/4). O papel da CCJ é avaliar se a decisão do Conselho de Ética foi constitucional e se é valida.
Para o relator do recurso, deputado Alex Manente (Cidadania-SP), os argumentos de Glauber não justificam anular a decisão do Conselho de Ética. Manente recusou todos os pontos apresentados pelo deputado psolista, incluindo a acusação de “suspeição” contra o relator do processo no Conselho de Ética, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) (leia mais abaixo).
O relator também rejeitou o pedido de Glauber para que a pena fosse mudada, com a eventual substituição da cassação por outras penas. De acordo com Manente, isso não compete a CCJ.
Glauber é acusado de quebrar o decoro parlamentar ao expulsar da Câmara, com chutes, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro, em abril de 2024.
Caso o recurso seja aceito, o processo volta para a estaca zero no Conselho de Ética da Câmara e um novo relator será escolhido. A expectativa no momento é de que o recurso será rejeitado. Neste cenário, o plenário será a última instância da decisão sobre a cassação de Glauber.
Para o parlamentar perder o mandato, são necessários os votos de ao menos 257 deputados. O placar do Conselho de Ética pela cassação foi de 13 a 5.
Durante a sessão desta quinta, Glauber contou novamente que o relator do Conselho de Ética o encontrou pelos corredores da Câmara antes de virar relator, e afirmou que ele era alvo de uma “injustiça” e que poderia “contar com seu apoio”. E pontuou que depois houve uma mudança de comportamento.
Desde o início do processo, o parlamentar do PSol acusa o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) de articular por sua cassação. Glauber sempre foi combativo e fez ataques à Lira durante sua gestão no comando da Casa.
“Se Lira quiser me calar, ele vai ter que me matar”, disse o parlamentar psolista nesta quinta ao defender seu recurso na CCJ.
Glauber fez greve de fome e acordo com Motta
Depois que o Conselho de Ética aprovou a cassação, Glauber ou mais de uma semana em greve de fome no mesmo plenário onde a votação ocorreu.
O protesto acabou depois de os líderes do PT e PSol na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ) e Talíria Petrone (PSol-RJ), junto à esposa de Glauber, a deputada Sâmia Bomfim (PSol-SP), selarem um acordo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O presidente da Câmara concordou em não pautar o processo de cassação de Glauber Braga no plenário antes do segundo semestre do ano, para permitir a ampla defesa.
Glauber alega “parcialidade” do relator no Conselho de Ética
Na terça (22/4), Glauber apresentou o recurso na CCJ. No seu texto, um dos pontos usados pelo parlamentar e sua defesa foi mirar no relator do caso no Conselho de Ética, Paulo Magalhães (PSD-BA). A defesa solicitou o arquivamento do pedido de cassação ou que, ao menos, Magalhães seja declarado como “suspeito” de cuidar do pedido contra o psolista.
Glauber argumentou, por exemplo, que o deputado do PSD fez um “prejulgamento”, manifestando-se pela cassação na fase inicial do processo, antes mesmo de analisar provas e do direito ao contraditório.
O parlamentar do PSOL lembrou em seu recurso que o próprio Magalhães já foi acusado de agressão na Câmara. No caso, ele teria agredido o escritor Maneca Muniz nas dependências da Casa, em 2001. O deputado do PSD nega.