Amor até o fim: leitura uniu idoso e esposa com câncer
Cleuza ficou acamada após diagnóstico de metástase de um tumor no útero. O marido então ou a ler todos os dias para a companheira
atualizado
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O aposentado Hugo Daniel da Silva, de 77 anos, foi um marido dedicado até os últimos momentos de sua esposa, a também aposentada Cleuza Munhoz da Silva, de 70 anos. Hugo, conhecido como Sorugo pelos amigos, ava os dias lendo para Cleuza, que estava acamada após realizar uma cirurgia, em Campinas (SP).
A filha do casal, Larissa Munhoz Silva, assistente virtual de 33 anos, compartilhou a história nas redes sociais e emocionou internautas. O casamento de Hugo e Cleuza aconteceu há 50 anos. Veja o vídeo:
Larissa conta que Hugo e Cleuza se conheceram na Igreja da Pompéia, em 1972. Na época, ele frequentava a paróquia e ela era catequista.
“Ele pedia sempre a Deus que encontrasse uma mulher que tivesse valores, quisesse construir uma família e tivesse fé. E ele a encontrou”, diz Larissa.
O casal teve quatro filhas: Lilian Munhoz Silva, de 43 anos, Aline Munhoz Silva, de 36, Leila Munhoz Silva, de 33, e Larissa, além de seis netos.
“Ele sempre foi do esporte e ela, da música. Colocavam as filhas para dormir tocando violão com o famoso ‘Ursinho Pimpão'”, conta. “A relação era perfeita, porque teve muita conversa, atritos, amor, desavenças, perdão, companheirismo, e acima de tudo, muito respeito. Feito cão e gato.”
Há 10 anos, Cleuza foi diagnosticada com câncer de mama, e, após um longo processo de tratamento, se recuperou, sempre com o marido ao lado. Em meados de junho de 2020, no entanto, ela recebeu o diagnóstico novamente de câncer. Desta vez, o problema estava no útero.
Ela faria a retirada de útero, ovários e trompas, no entanto, durante a cirurgia, descobriram que a doença havia atingido outros órgãos e o diagnóstico final foi de metástase. “Fizemos de tudo, mas o principal era oferecer conforto, cuidado e muito amor naquele momento.”
Cleuza, então, pediu que seus últimos dias fossem em casa, sem remédios e com a família. Para reconfortá-la, então, Hugo ava os dias lendo livros para a esposa, acamada após a cirurgia. Larissa conta que a cena de carinho emocionava a família, e resolveu compartilhá-la nas redes. “Eles são pessoas do bem, e devem ser vistos. Se fosse para ajudar um casal ou confortar alguém, já estava valendo.
A aposentada morreu em janeiro deste ano.
Fazer diferença na vida das pessoas
Pouco tempo depois do encontro, Hugo e Cleuza começaram a namorar, e logo ficaram noivos. Na época, Larissa conta que o casal decidiu fazer diferença na vida das pessoas.
“Eles participaram de uma palestra na Febem, e na época a equipe do Juizado de Menores pediu ajuda voluntária para acolher, apadrinhar algum jovem. No caso deles foi o Joãozinho, que tinha 14 anos, morava com a mãe e mais 6 irmãos. Eles incentivaram a estudar e a trabalhar os até 17 anos”, relata.
Com essa idade, no entanto, o jovem foi perseguido por policial em uma investigação em que era inocente, segundo Larissa, e ele acabou sendo atingido por disparos e morreu. “Viram depois que não era ele o culpado, mas na época não tinha mais o que fazer.”