“Ainda escuto gritarem”, diz segurança que salvou 3 no Ninho do Urubu
Incêndio no Centro de Treinamento do time carioca matou 10 meninos que estavam ali alojados
atualizado
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O segurança do Flamengo Benedito Ferreira, que trabalhou na noite de 8 de fevereiro de 2019 e conseguiu salvar três garotos do incêndio em um alojamento que deixou 10 mortos no Ninho do Urubu – centro de treinamento do time – disse em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, que vive atormentado pelas lembranças dos gritos das vítimas que não conseguiram escapar.
Conforme o trabalhador, ele trocaria trocaria sua própria vida pela dos garotos que morreram naquele dia. “Para as famílias que perderam [seus filhos], eu pediria desculpa. [Não conseguir salvá-los] Pra mim, é uma falha”, lamentou ele.
Ferreira contou como quebrou barras de uma janela do alojamento e tirou três jogadores do local em chamas. “O terceiro já bem queimado. Ainda tentei puxar um quarto, mas não consegui. Ele tava muito queimado, mas conseguiu olhar pra mim e falar: tio, não me deixa morrer”, continuou Ferreira.
Extintores falharam
O segurança disse ainda que os extintores que ele tentou usar para controlar o incêndio não funcionaram. Em nota, o Flamengo alegou que todos os equipamentos do local estavam dentro do prazo de validade e que os fatos narrados pelo segurança são uma visão pessoal.
“Eu não sou herói. Me considero uma pessoa normal, que estava exercendo minha função, e me deparei com esse fato que vitimou esses 10 garotos”, disse o segurança na entrevista. Ele voltou a trabalhar no Flamengo, mas não no Ninho do Urubu, e disse que o clube havia lhe proibido de dar entrevistas e até de frequentar jogos do time quando voltarem a ter público.
“Quando eu soube que eram 10 [mortos], meu mundo acabou”, disse Ferreira. “Até hoje escuto eles gritarem que tá ardendo o corpo. É um sentimento de perda”, concluiu.
O segurança diz que faz tratamento: ele toma seis remédios por dia e não gosta de sair de casa.
Relembre as vítimas dessa tragédia: