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O curioso privilégio de estar preso. No Brasil! (por Eduardo Fernandez

Milhões de brasileiros acham ser um privilégio estar na cadeia

atualizado

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Divulgação/Governo da Paraíba
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1 de 1 csm_CADEIA_DE_ALAGOINHA_FOTO_GOVERNO_PB_74cb0712a6 - Foto: Divulgação/Governo da Paraíba

Todos sabemos que as prisões brasileiras, exceto poucas celas exclusivas para ricos e poderosos, não são comparáveis a um bom hotel, nem mesmo a hotéis avaliáveis por eclipses ao invés de estrelas. Não obstante, há milhões de brasileiros que acham ser um privilégio estar na cadeia, sentem-se injustiçados, mas não se revoltam.

Em conversa recente com um destes – mais um, pois já ouvi tal ideia muitas vezes – indaguei a razão do “privilégio”, e a resposta veio imediata: “lá esses bandidos têm comida, roupa lavada, cama e atendimento médico, tudo às nossas custas! E nós? Na minha opinião, eles deveriam trabalhar para se alimentar e, se não o fizerem, que sejam mortos.”

Quando eu disse ser contra toda forma de violência a conversa acabou, mas a pergunta ficou: qual a razão de considerar aquela “hospedagem” um privilégio? Lembrei-me de outra conversa recente: um motorista de aplicativo, de seus 60 anos de idade e sem perspectiva de aposentadoria, argumentava que, dadas as enormes pressões sobre aqueles que batalham diariamente por cama e comida, a escravização não acabara, apenas trocara de nome.

A melhor resposta que encontrei é que 80%, ou mais, da população brasileira, que é honesta, rala para conseguir apenas cama, comida e pouco mais. Essa parcela “não vive, apenas aguenta”. Nessa luta, com poucas perspectivas de melhora, comparar a sina da maioria com as “facilidades” dadas aos detentos parece mesmo desalentador e injusto: afinal, trabalha-se de sol a sol para ter apenas cama e comida, que os criminosos, por terem cometido um crime, têm “de graça”!

Desde este ponto de vista, há aí um incentivo à criminalidade que precisa ser eliminado com urgência; a opção de piorar ainda mais as condições dos presídios é uma clara avenida para ampliar a barbárie em que vivemos, e não para reduzi-la; reduzir a pressão, reduzir a espoliação, reduzir a carestia, facilitar a vida para todos, essa sim a única trilha para longe da barbárie!

Triste realidade. O quadro de pressão e barbarismo se agrava quando se lembra que o Japão, país dos mais ricos da atualidade, com índices de violência dos mais baixos da Terra, enfrenta situação algo similar: para fugir das dificuldades da vida e do isolamento social, idosos aram a cometer crimes para, encarcerados, terem cama, comida, atendimento médico e – importante – amizades! No rico país do oriente, 20% da população de mais de 65 anos vive na pobreza, contra estimados 70% dos humanos.

Brasil e Japão organizam a economia basicamente da mesma forma, embora com resultados bem diferentes. Quando, nestes e noutros países, para muitos a prisão parece melhor que a liberdade, é porque já ou do momento de repensar a sociedade em seu conjunto, analisar seus motivos e meios e, principalmente, buscar, imaginar, experimentar novas formas de organizar a produção, o que produzir, a urbanização, a escola, os incentivos, as punições e muitos outros pilares da vida em grandes grupos populacionais.

 

Eduardo Fernandez Silva é Mestre em Economia pelo Institute for Social Studies da Universidade de Hague. Foi Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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