Axé na Cultura: Janja aposta em Margareth e ganha (por Vitor Hugo)
Margareth Menezes comandará a Cultura de novo com status de ministério, a musa do samba reggae
atualizado
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Batido o martelo, no centro das decisões do governo que mandará pela terceira vez no Palácio do Planalto, a partir de 1 de janeiro de 2023, a escolha da cantora Margareth Menezes para tocar a Cultura de novo com status de ministério, a musa do samba reggae – e uma das majestades da música Axé, surgida nas margens da Baia de Todos os Santos, com apelo cultural e popular cada vez mais forte e ampliado– , acena para ser núcleo de destaque do novo mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. Sinalização de significativo repercussão e visibilidade no centro e nos bastidores do poder do futuro governo. Os soteropolitanos já ensaiam “Aquele Frevo Axé”, impactante canção da abertura do filme de Chico Kertész sobre a música baiana, para a festa da posse presidencial no Planalto Central do país, e no carnaval de rua de Salvador do ano que vem.
Uma das majestades estaduais – ao lado de Ivete Sangalo e Daniela Mercury – do gênero musical de influência nacional e internacional, a Maga (como é chamada, pelos conterrâneos, a futura ministra) desembarca no centro do novo jogo político, social e cultural com luz própria , como resultado do primeiro embate ( renhido) do chamado núcleo petista e de esquerda de raiz com setores intelectuais, formadores de opinião e artistas da frente democrática que levou Lula ao triunfo nas urnas. Com decisivo empurrão da futura primeira dama, Janja da Silva que apostou no nome da intérprete de “Faraó” desde a primeira hora. E ganhou.
Sobre a escolha, a artista comentou:”foi uma escolha muito animadora para a gente que é da cultura. Nós conversamos e eu aceitei.Recebo isso como uma missão, até porque foi uma surpresa para mim também”, revelou a futura ministra. “Agora é isso: a gente juntar todo mundo, a gente ouvir todo mundo, a gente levantar primeiro o Ministério e fazer a Cultura do Brasil no lugar que ela sempre merece em todas as áreas de atuação da pasta”, adianta De formação e militância cultural e universitária participativa nos movimentos artísticos e intelectuais, a partir dos anos 80, em Salvador, Margareth Menezes tem entre seus talentos reconhecidos, o de trafegar com equilíbrio e pluralidade política e pessoal entre figuras e posições divergentes.
Nascida e criada na península de Itapagipe, na encosta soteropolitana da Cidade Baixa, ganhou prestígio local, nacional e internacional em suas aplaudidas turnês pelo Festival de Montreux, na Suíça, e nas consagradas apresentações de abertura dos shows do do amigo e confidente cantor norte-americano, David Byrne, em várias partes do mundo, sem abandonar suas raízes, de permanente ligação com o histórico bairro da Cidade Baixa, onde mantém sua associação “Fábrica Musical”. Projeto social para formação artística e cultural de jovens carentes, com sede na vizinhança das Obras Sociais da Santa Irmã Dulce, aos pés da Colina Sagrada da Basíli ca do Senhor do Bonfim.
Mas, acima de tudo, o carisma de pessoal, de comportamento doce, mas firme, e o reconhecido dom de transitar e liderar entre divergentes são qualidades que pesaram na escolha da intérprete de “Elegibô”, habituada a unir e arrastar multidões nos circuitos do carnaval baiano. Ninguém me contou, eu vi, andando e pulando nas ruas atrás do trio elétrico de Margareth.
Cumpre-se assim a promessa de Lula, presidente diplomado, dia 12, de ter “uma mulher negra no comando da Cultura”. O resto a conferir.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol. com.br